sábado, 2 de maio de 2009

Prepare a erva...

e comece a cantar pois o chimarrão tá pra virar patrimônio imaterial da humanidade. Isso mesmo, deu no jornal. Um projeto que será encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sob o título 'O Patrimônio Imaterial do Chimarrão: o Chá da Amizade' , está sendo executado pela organização não-governamental (ONG) Núcleo Cultural de Venâncio Aires, presidida pelo médico Flávio Luiz Seibt.

Quem diria, hein? E como explicar que a bebida amarga, quente, ingerida muitas vezes em pleno verão consiga reunir um bando de gente na conhecida roda do chimarrão e, de quebra, possa se tornar patrimônio imaterial da humanidade? A explicação talvez esteja na força do ritual, transmitido de pai pra filho e que tem por mérito reunir e agregar. Aliás, esse ritual primitivo indígena, cantado tantas vezes em prosa, verso, letra e música, foi muito bem explicado e de forma muito poética pelo escritor e historiador Barbosa Lessa, em Histórias para Sorrir. Então toma aí um chimarrão...





'Dos velhos tempos de ontem,
chegando até hoje e aqui,
há um costume quotidiano
-herdado do guarani -
que acompanha o homem adulto
des'que não é mais guri.
Era um chá que, antigamente,
o índio chamava de caa-í.
Era um chachimbo da paz
rodeando daqui para ali.
Ainda hoje é confidente
de quem conversa pra si.
É a bebida mais saudável
que até hoje eu conheci:
mata a sede, senta a bóia,
com ela a alma sorri,
é calmante, estomacal,
e ajuda a fazer xixi.
(...)