terça-feira, 2 de março de 2010

Essa tribo é atrasada demais

O tumulto na redenção ainda vai reabrir a discussão de cercar o parque. Pra quê? De que adianta cercar o parque, se a violência já fugiu do controle?
O que mais espanta nesse fato? Serem jovens, menores e tcharam... armados. Armados de modernidade inclusive pra combinar pela internet um acerto de contas.Não apenas combinaram, como concretizaram. Mais, escolheram um palco. Aliás, que palco.A redenção: um dos mais frequentados parques da cidade. Escolheram um dia especial, é claro, o domingo, talvez porque lá haveria de ter mais platéia.
A violência tão conhecida nos morros, nas vilas e nos seus guetos veio parar no parque. No domingão de sol em vez de chimarrão, namoro, sossego, leitura, roda de violão, teve em contrapartida confronto, tiros, saldo de alguns feridos e pasmem morte.
Pois dos guetos aos poucos os meninos descem e ganham o asfalto, os parques, as ruas, os shoppings, as praças e certamente ganharão mais espaço para sua ações, enquanto nada for feito.
Cercar parques será a solução? Passar em revista os meninos que fazem parte dos bondes? Muitas discussões serão retomadas acerca da segurança pública.
Pouco, entretanto, ao longo desses anos tem sido feito para proteger a infância e juventude abandonada. No lugar de papel, caneta, livro, esporte, capoeira, namoro, futebol,alegria, profissão, voz e futuro; conhecem a linguaguem da agressão, briga, drogas, exclusão e armas e usam a linguagem que conhecem pra participar de outro time: o dos jovens contraventores. Engrossam essas fileiras, fazem parte das estatísticas horrendas sobre violência crescente, sempre lembrada nas campanhas políticas, esquecidas logo em seguida após as campanhas.
É esse Porto podia vir acompanhado de outro nome. De Alegre já deixou algum tempo de ser. Me diga e me convença então se o preço por não investir em educação, oportunidades e inclusão social nada tem a ver com essas estatísticas, nada tem a ver com o fato de não se repartir melhor o bolo?
O velho índio tinha razão.

2 comentários:

ROCKS disse...

Bota atrasada nisso...
Tu estava lá quando aconteceu o incidente?tuas palavras têm tanta força,que cheguei a pensar isso.Não ví ou lí em qualquer orgão da imprensa reportagem ou texto tão completo,contundente como o teu.Falou tudo Sônia.

Camila Bazzo disse...

Que ótimo texto, Sônia! Enquanto eu lia, pensava: "Nossa, é isso mesmo!". E concordo com a Karen: falou tudo. As pessoas, na maioria, tendem a pensar em proteção, políciamento; em mais presídios, grades, cercas elétricas, mas não pensam que aqueles que pra elas são a "ameaça" precisam de educação, de arte, de melhores condições de vida, enfim: de inclusão. Tem razão, o bolo tem de ser melhor repartido!

Um beijo!